
Oito cardeais selecionados pelo papa Francisco para aconselhá-lo quanto à
reforma da Cúria Romana e da governança da Igreja Católica farão hoje a primeira
reunião com o pontífice, dando início a uma conferência de três dias que vem
sendo comparada a um "G-8 papal".
Em um esforço já definido como potencialmente crucial para o pontificado de
Francisco, iniciado há seis meses, o grupo de cardeais "de fora" voará a Roma de
todos os quadrantes do planeta a fim de oferecer a ele suas ideias sobre como
reformar o Vaticano e a igreja.
REVOLUCIONÁRIO
Oficialmente denominado "Conselho de Cardeais", o grupo foi anunciado em
abril, no que muitos classificaram como uma decisão revolucionária do papa.
Um observador disse que, por sinalizar um estilo mais coletivo de governança
eclesiástica, a formação do conselho era "o passo mais importante dos últimos
dez séculos na história da igreja".
No entanto, Federico Lombardi, porta-voz do papa, enfatizou ontem que o
arranjo tinha limites. Ainda que os cardeais devam ser convocados a aconselhar o
papa, não deve haver dúvidas sobre quem terá a palavra final. "Um conselho
aconselha, e a decisão cabe ao papa", disse.
Os oito cardeais vêm de países como Estados Unidos, Austrália, Índia e
República Democrática do Congo. Nenhum trabalhou como parte da inchada e
disfuncional burocracia do Vaticano e todos, segundo Lombardi, chegariam
equipados de "grande experiência quanto aos problemas da igreja no mundo".
Um decreto pessoal conhecido como "chirografo", promulgado por Francisco,
define a tarefa dos cardeais como a de "assessorá-lo quanto à governança da
igreja universal" e ajudá-lo a revisar o Pastor Bonus, a constituição apostólica
da Cúria adotada por João Paulo 2º em 1988.
Há indicações de que a revisão possa ser dramática e levar a uma nova
constituição.
Lombardi afirmou, porém, que na primeira reunião não são esperadas "decisões
que causem espanto".
Em recente entrevista ao jornal jesuíta "La Civiltà Cattolica", o papa disse
que estava buscando criar não "um simulacro de consulta, mas consultas reais"
aos oito cardeais, diversos dos quais se provaram críticos abertos de questões
como as disfunções da Cúria e os escândalos de abuso sexual por religiosos.
Eles se reunirão com o papa e um secretário em uma biblioteca privada do
palácio apostólico. Segundo Lombardi, o papel do pontífice será primordialmente
ouvir.
Banco do vaticano
Ontem, a agência de notícias Reuters também informou que o banco do Vaticano
deve encerrar as contas que embaixadas estrangeiras mantêm na instituição.
O
motivo são suspeitas em relação a transações feitas pelas missões de Irã, Iraque
e Indonésia. O temor é que o banco possa estar sendo usado para lavagem de
dinheiro e outros crimes financeiros.
Segundo a Reuters, o fim das contas deve ser uma das principais recomendações
de uma ampla avaliação que o papa ordenou no banco.
fonte: folha.uol.com.br