Sacramentos

O que é um Sacramento?


Procuremos, em primeiro lugar, compreender bem o que é um sacramento, donde vem e para que serve. Esta simples noção fará cair já a maior parte das objeções, como, perante a exposição clara da verdade, dissipam-se todos os erros.
O catecismo diz que "sacramento é um sinal sensível, instituído por Nosso Senhor Jesus Cristo, para produzir a graça em nossas almas e santificá-las.”.
Desta definição resulta que três coisas são exigidas para constituir um sacramento:
a) "Um sinal sensível", representativo da natureza da graça produzida. Deve ser "sensível" porque se não pudéssemos percebê-lo, deixaria de ser um sinal. Este sinal sensível consta sempre de "matéria" e de "forma", isto é, da matéria empregada e das palavras pronunciadas pelo ministro do sacramento.
b) Deve ser "instituído por Jesus Cristo", porque só Deus pode ligar um sinal visível à faculdade de produzir a graça. Nosso Senhor, durante a sua vida mortal, instituiu pessoalmente os sete sacramentos, deixando apenas à Igreja o cuidado de estabelecer ritos secundários, realçá-los com cerimônias, sem tocar-lhe na substância.
c) "Para produzir a graça". Isto é, distribuir-nos os efeitos e méritos da redenção que Jesus Cristo mereceu por nós, na cruz... Os sacramentos comunicam esta graça, "por virtude própria", independente das disposições daquele que os administra ou recebe. Esta qualidade, chamada pela teologia "ex opere operato", distingue os sacramentos da "oração", das "boas obras" e dos "sacramentais", que tiram a sua eficácia "ex opere operantis" das disposições do sujeito.

Os sacramentos não são meras representações?

Ninguém pode dizer que os sacramentos são meras cerimônias exteriores, e afirmar testemunhando que a graça está na alma, sem o poder de infundi-la. Isso é um erro fundamental e grosseiro.
Para provar irrefutavelmente a necessidade dos sacramentos, é preciso recorrer à sublime doutrina da graça, ou da nossa vida sobrenatural. Os sacramentos são, de fato, os meios, os canais, para transmitir-nos a graça divina, os merecimentos de Jesus Cristo.
A graça, que a teologia define "um dom sobrenatural de Deus", por causa dos méritos de Jesus Cristo, como meio de salvação, é tudo na religião católica, é sua seiva, o seu sopro, a sua alavanca.
Querendo ou não, todos os homens devem viver da graça ou se perderão eternamente. Ou escolhem a vida de Cristo que é a graça, ou a vida da carne que é o vício; a salvação ou a perdição.
Santo Agostinho define a graça da seguinte forma: "A graça é como o prazer que nos atrai... Não há nada de duro na santa violência com que Deus nos atrai... tudo é suave e benfazejo" (Sermo 133, cap. XI). Esta palavra é admirável: a graça é um verdadeiro poder atrativo, que provém à vontade, a estimula e leva a Deus, a atrai por deleitação interior, e faz amar, como por instinto, Aquele que a nossa razão devia amar acima de tudo: Deus. Este termo "atrativo" parece novo em teologia, entretanto ele é a expressão da palavra de Nosso Senhor: "Ninguém pode vir a mim, se Aquele que me enviou não o atrair" (Jo 8, 22). E esta outra: "Uma vez levantado da terra, atrairei tudo a mim - omnia traham ad meipsum" (Jo 12, 32).

O que é a graça e a necessidade dos sacramentos?

A graça em seu princípio é, pois, a vida de Deus em nós: "Participatio quaedam naturae divinae", diz Santo Tomás.
Para comunicar-nos a sua vida, Deus podia agir imediatamente sobre a nossa alma; ele o faz às vezes. A simples elevação dos nossos corações, pela oração, podia produzir este efeito, mas além desta ação imediata de Deus sobre a alma, além do meio da oração, Deus instituiu meios particulares para comunicar-nos as suas graças, meios obrigados, indispensáveis: estes meios são os sacramentos.
Vejamos esta necessidade; está admiravelmente descrita por S. Paulo (Rom. 6, 1-14): "Permaneceremos no pecado, para que a graça abunde? De modo nenhum" (6, 1). "Ora, se já morremos com Cristo, cremos que também com ele viveremos" (8). "O pecado não terá domínio sobre vós, pois não estais debaixo da lei, mas debaixo da graça" (14).
Há, pois, duas vidas em nós: a vida do pecado e a da graça. Ora, esta graça é o dom de Deus, proveniente dos méritos de Jesus Cristo. É a seiva desta graça que deve circular em nós: "Nós somos os ramos, Cristo é o tronco" (Jo 15, 4-5). Deve haver união completa, íntima entre os meios de transmissão da graça e a alma que recebe esta graça, como há união completa entre o tronco e os ramos.
Na oração e nas boas obras esta união completa não existe... Deve haver outro meio e este meio são os sacramentos. Os sacramentos tornam-se, neste sentido, os canais transmissores da graça divina às almas. Canais estabelecidos por Jesus Cristo, como veremos, e, portanto necessários.


BATISMO


O batismo é o primeiro dos 7 sacramentos e, por isso, definido como o sacramento "da iniciação cristã": torna todo batizado filho de Deus, membro da Igreja, sanciona sua identidade pelo recebimento do nome próprio e é necessário para o recebimento dos demais sacramentos. O vocábulo deriva do grego "baptízein", com o significado de "imergir". A Igreja apostólica e primitiva conferia o batismo por imersão, juntamente com a confirmação pela imposição das mãos sobre a cabeça, somente aos adultos, depois de um período de preparação, chamado de catecumenato.
Os dois sacramentos eram, pois, considerados inseparáveis na iniciação cristã, para que esta acontecesse "na água e no Espírito Santo". A necessidade de garantir a salvação eterna inclusive às crianças, cuja mortalidade era muito alta numa época e em lugares em que a ciência médica não tinha atingido os índices atuais de sobrevivência mesmo em caso de graves doenças infecciosas, imbuiu a Igreja na sugestão de conferir o batismo num momento bem próximo do nascimento. A confirmação foi, assim, separada e adiada para uma idade de maior compreensão do próprio crismando, para confirmação pessoal e direta de suas escolhas de fé e de vida vivida no mistério pascal.
Atualmente, o rito do batismo, depois do concílio Vaticano II, realiza-se dentro da celebração eucarística, a fim de dispor toda a assembleia cristã ao acolhimento do novo membro e envolvê-la na responsabilidade do crescimento espiritual dele na fé cristã. O rito acontece, pois, por infusão, ou seja, por meio do derramamento de água benta sobre a cabeça do batizando. Somente em caso de expressa vontade dos familiares é que o rito se faz de modo privado e é administrado na pia batismal, normalmente colocada num lado da entrada da igreja.
O ministro do batismo é o sacerdote ou o diácono; em caso de necessidade extrema pode ser qualquer um, inclusive um não-crente, desde que se respeitem as disposições da Igreja: o rito, nesse caso, reduz-se à essência, à única fórmula: "Eu te batizo em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo".
Junto com os pais, durante o rito, há um padrinho e uma madrinha: estas figuras representam as pessoas que se comprometem com seu exemplo a ajudar os pais, ou a substitui-los, na formação cristã do batizado. São quatro os momentos fundamentais do rito batismal: 1º- a acolhida: manifestada pelo "sinal da cruz" que celebrante, pais e padrinhos traçam sobre a fronte do batizando 2º- liturgia da Palavra: que, unida à homilia e à oração dos fiéis, tem a finalidade de dispor a comunidade a professar a fé também em nome do batizando e a comprometer-se a fazê-lo tornar-se um "adulto na fé"; vem depois a oração "do exorcismo" e "a unção com o óleo dos catecúmenos", como libertação do pecado original e sinal da luta pelo bem contra o mal 3º- liturgia do sacramento: a liturgia propriamente dita do sacramento começa com a "bênção da água" e com o diálogo entre celebrante, pais e toda a comunidade sobre a: - RENÚNCIA A SATANÁS, repetindo-se três vezes o "renuncio" - PROFISSÃO DE FÉ, repetindo-se três vezes o "creio" - SOLICITAÇÃO EXPLÍCITA DO BATISMO E DO NOME a ser dado - INFUSÃO DA ÁGUA com a fórmula trinitária, precedida do nome próprio. A partir desse momento, o batizando é novo membro da Igreja de Cristo. Seguem-se então "os ritos pós-batismais": - A UNÇÃO COM O SAGRADO CRISMA, sinal do sacerdócio real de todo crente e de sua agregação ao povo de Deus - a entrega da VESTE BRANCA e da VELA, que o pai acende no círio pascal, sinais da integridade e da luz da fé a ser professada - O EFFATÁ, isto é, "abre-te", que repete o gesto de Jesus e significa o acolhimento da Palavra e a coragem de professá-la com a vida 4º- os ritos de conclusão: exprimem-se com a recitação comunitária do "Pai Nosso" e com a "bênção" sobre os pais, padrinhos e comunidade.


EUCARISTIA


É um dos 7 sacramentos e, juntamente com o batismo e a crisma, completa a iniciação cristã. Os sinais essenciais da Eucaristia são o pão de trigo e o vinho de uva, em que, por meio da consagração, dá-se a transubstanciação no Corpo e Sangue de Cristo: Ele está presente de modo verdadeiro, real, substancial nas espécies sacramentais; por isso, é-Lhe devido o culto de adoração.
O termo "Primeira Comunhão" indica esse sacramento quando é recebido pela primeira vez pelas crianças para isso devidamente catequizadas; normalmente, é administrada por volta dos 8/9 anos e sob a única espécie do pão consagrado. Recebe o nome de "Communio" justamente para indicar a "comum união" e "igual participação" deles nesse sacramento "divino" por excelência, sendo materializada na hóstia e no vinho a presença real do Senhor.
A Comunhão é celebrada dentro da própria celebração eucarística e não tem liturgia própria porque já lhe é própria toda liturgia dominical e festiva. Normalmente, para torná-la solene, é administrada em dia ferial que já tenha festividade civil ou do Santo Patrono local, para que possa se tornar um rito de grande assembléia litúrgica. A cor litúrgica é o branco, presente não só nos paramentos sagrados, mas também nas vestes dos comungantes, revestidos todos, a partir da reforma ensejada pelo Vaticano II, de uma túnica branca de corte monástico, para evitar qualquer exibição no trajar e criar assim de fato "a união fraterna" que foi a finalidade com a qual Jesus instituiu a Eucaristia. É, em certo sentido, também a festa de toda a família e dos parentes, que se reúnem com alegria em volta do pequeno comungante; às vezes, é ocasião da reconciliação deles com a Igreja e de retorno à prática sacramental.
Os comungantes, para ter acesso a esse sacramento, além de receber uma preparação específica, foram anteriormente catequizados para receber o sacramento da Penitência e ser educados imediatamente "na iniciação do estado de graça", sem o qual não se pode assumir dignamente o Corpo do Senhor.


CRISMA

A crisma, chamada também de "confirmação", é o segundo dos sete sacramentos e, juntamente com o batismo e a eucaristia, constitui a plenitude e a marca da iniciação cristã, porque por meio dela o cristão recebe os dons do Espírito Santo e completa a sua identidade cristã e eclesial. Seu nome deriva do grego "chrisma", que significa "ungüento" e, por extensão, "unção". Essa tríade sacramental constitui em seu conjunto a energia espiritual que sustenta o desenvolvimento e o crescimento cristãos. O concílio Vaticano II sugere que:
- a crisma seja administrada dentro da celebração eucarística - o crismando tenha uma idade de razoável consciência: 12/13 anos - ela seja precedida por uma adequada preparação catequética, estendida também à família e aos padrinhos e/ou madrinhas - a comunidade participe com o consentimento unânime na profissão de fé - a eucaristia possa ser recebida sob as duas espécies pelos crismados, familiares, padrinhos/madrinhas e catequistas - o ministro "originário", na prática católica, seja o bispo ou sacerdote por ele delegado; na prática oriental é o sacerdote que a confere juntamente com o batismo - o "crisma" usado seja, todavia, na tradição comum às Igrejas do Oriente e do Ocidente, o que foi consagrado pelo bispo durante a "missa do crisma" de Quinta-feira santa - a celebração tenha caráter festivo e solene e seja comum para todos os candidatos; não é prevista, portanto, a administração individual.
O rito da confirmação segue o esquema clássico: 1º- ritos de introdução de acordo com a prática comum das Igrejas locais. 2º- liturgia da Palavra, própria da missa do dia, com leituras que demonstrem a intervenção histórica e profética do Espírito, que é autor, em Cristo, do mistério messiânico da salvação e, na Igreja, da sua missão de evangelização. 3º- liturgia do sacramento que se realiza em três fases: a) renovação das promessas batismais, ou seja, a fé expressa pelo próprio crismando; não mais delegada, portanto, como no batismo.
 A profissão da fé tem um aspecto negativo expresso pela "renúncia" e um positivo expresso pelo "credo", a que toda a assembleia adere com seu "Amém" b) imposição coletiva das mãos com a oração epiclética, que dispõe ao recolhimento pela acolhida da efusão do Espírito c) o ato de crismar ou a unção com o crisma sobre a fronte do crismando com a fórmula que o acompanha: "Recebe a marca do Espírito Santo que te é dada como um dom", enquanto o padrinho/madrinha mantém a própria mão direita sobre o ombro do crismando como sinal de seu compromisso de apoiá-lo em seu caminho cristão.
A sagrada unção é sinal do Espírito que permanece no crente, ilumina-o e identifica-o com Cristo, eterno sacerdote. A sagrada unção termina com a saudação de paz: "a paz esteja contigo", dom pascal de fraternidade. 4º- liturgia eucarística, com a possibilidade para os crismados, pais, padrinhos e catequistas de receber a comunhão sob as duas espécies. 5º- ritos de conclusão com bênção final explicitada por duas possíveis fórmulas, significando ambas o mistério trinitário celebrado.


MATRIMÔNIO



Este sacramento é o que sanciona diante de Deus a união completa da pessoa e da vida de um homem e de uma mulher. Uma vez que o Matrimônio é uma festividade solene para quem o contrai e para todos os que partilham de sua alegria, a Igreja nega-se a celebrá-lo nos tempos do Advento e da Quaresma, dado seu caráter penitencial, ou então realiza-o apenas de forma simples.
O termo deriva do latim "matris" e "munus", com o significado de dom-compromisso recíproco. Sua instituição fundamenta-se na origem bíblica da espécie: "Deus criou o homem à sua imagem... macho e fêmea Ele os criou" (Gn 1,27) e ainda: "... deixará o homem o pai e a mãe e se unirá à sua mulher e se tornarão uma só carne" (Gn 2,24).
Seu fundamento jurídico e ético baseia-se no consenso dos contraentes e contempla a unidade, a indissolubilidade, a disponibilidade para procriar. Durante os primeiros séculos do cristianismo, o matrimônio não tinha liturgia própria; a partir do século IV, começou-se a abençoar os anéis e, em seguida, o objeto específico da bênção foi o véu e a esposa.
 Com a reforma litúrgica do concílio Vaticano II, entrou em vigor um ritual mais conforme ao novo direito de igualdade jurídica do homem e da mulher e mais exemplificativo do significado profundo próprio desse "contrato". Um aspecto essencial foi a inserção da celebração dentro da missa. A liturgia do sacramento articula-se em quatro momentos: - as perguntas - o consentimento - a bênção e a troca dos anéis - a oração dos fiéis Os ministros do sacramento são os próprios esposos, que contraem diante de Deus o pacto de aliança recíproca, segundo o exemplo daquela que Deus quis selar com a humanidade: o sacerdote é sua testemunha e mediador litúrgico. A tríplice bênção sobre o casal indica a associação deste ao mistério eucarístico.


ORDEM

É o sacramento que confere a alguém poder espiritual em virtude da graça particular que o torna apto a exercer as várias tarefas eclesiais e eclesiásticas. Em primeiro lugar, a de celebrar a Eucaristia, além do poder de perdoar ou não os pecados no exercício do sacramento da Penitência: é o poder sobre o Corpo Real e sobre o Corpo Místico de Cristo.
Esse sacramento tem sua origem no ato de Jesus ao escolher um grupo de apóstolos e discípulos para continuar Sua ação no mundo. Já no Novo Testamento, nos Atos dos Apóstolos e Cartas de Paulo aparece uma primeira hierarquia, com tarefas específicas, mas subordinadas: bispos-presbíteros que tornam atual o "memorial" eucarístico e a pregação, diáconos que exercem os ministérios da colaboração no culto e da caridade fraterna com os necessitados. Num documento oficial do século III, qual seja, a carta do papa Cornélio I ao bispo Fábio de Antioquia, já se expressam, com os nomes específicos, os três graus da ordem sagrada:
- bispo, um só nas diversas comunidades, - presbíteros, também chamados padres ou sacerdotes, - diáconos. A Igreja latina, com o tempo, distinguiu entre "ordens maiores" e "ordens menores", cada uma delas conferida com ritos específicos: - ordens maiores: compreendem bispos, presbíteros, diáconos, subdiáconos - ordens menores: compreendem ostiário, leitor, exorcista, acólito A Igreja grega considera-as todas ordens menores conferidas com ritos especiais que não são considerados sacramento.
 O concílio de Trento limitou-se a definir que na Igreja católica, por instituição divina, há uma hierarquia; compreende ela: - os bispos, incumbidos do governo pastoral, "munus regendi"; - os presbíteros, encarregados do culto divino, "munus liturgicum"; - os diáconos, encarregados do ensinamento, "munus docendi". O sacramento em si deriva o nome do latim "ordo", ou seja, "grau". Os ministérios conferidos pela ordenação são insubstituíveis e definem a estrutura orgânica e interdependente da Igreja. O ministro do sacramento é o bispo, que consagra por meio da imposição das mãos, da sagrada unção e de uma oração consecratória específica ao Espírito Santo: tudo acontece dentro da celebração eucarística, com rito solene. Três são os momentos principais da administração desse sacramento: - ritos de introdução - rito de consagração - ritos explicativos Os ritos de introdução, idênticos para as três ordens, compreendem o apelo dos candidatos e a apresentação ao bispo ministrante, a atestação da idoneidade deles e a eleição por parte do bispo à ordem a que se candidatam, a homilia do bispo ordenante, o diálogo entre bispo e candidatos com a promessa de obediência destes últimos representada pelo gesto de colocar as próprias mãos juntas nas do bispo (para os bispos, nas do papa), o canto das ladainhas dos santos com a prostração dos candidatos.
O rito de consagração realiza-se com a imposição das mãos do bispo sobre a cabeça dos candidatos; aqui se dá a primeira hierarquização: se diácono, impõe as mãos só o bispo; se presbítero, impõe as mãos o bispo e, a seguir, cada presbítero presente ao rito; na ordenação episcopal impõem as mãos também todos os bispos presentes e, a seguir, dois diáconos seguram sobre a cabeça dele um evangelho aberto para significar que ele está submetido à Palavra de Deus; tudo acontece em silêncio. Depois vem a oração consecratória, específica para cada ordem, proclamada somente pelo bispo para presbíteros e diáconos, por todos os bispos presentes, para o bispo; a assembléia adere com o próprio "Amém".
Os ritos explicativos fazem uso de gestos e ações para representar o que aconteceu: os diáconos recebem as vestes litúrgicas de seu grau, ou seja, a estola e a dalmática; os presbíteros vestem a estola e a casula, e o bispo unge suas mãos com o crisma sagrado; na consagração episcopal unge-se a cabeça; depois, diáconos e bispos recebem o livro do evangelho, enquanto os presbíteros recebem o pão sobre a patena e o cálice do vinho para a celebração eucarística; os bispos recebem também as insígnias de seu grau, ou seja, o anel, a mitra, o bastão pastoral, e são convidados a se sentar sobre a cátedra episcopal. Tudo se conclui com o abraço e o beijo da paz. Os candidatos à consagração, na Igreja romana, devem satisfazer aos seguintes requisitos: - ser homens - ser batizados - estar dispostos ao celibato pelo Reino expresso publicamente por livre vontade.
 O sacramento imprime um caráter indelével e cabe à autoridade da Igreja a responsabilidade e a decisão última de aceitar os candidatos ao sacerdócio, depois de uma adequada preparação doutrinal, pastoral, litúrgica, evangélica e espiritual no seminário. O concílio Vaticano II estabeleceu o "diaconato", do grego "diákonos", "servidor", como grau permanente conferível também a homens casados. Nas comunidades cristãs primitivas, o diaconato era conferido também às mulheres, em geral viúvas; atualmente, essa instituição permanece em muitas Igrejas protestantes. O "sacerdote", do latim "sacer-facere", é o mediador entre o homem e Deus no exercício do culto sagrado; entre católicos e ortodoxos, ele recebeu o sacramento da ordem. Os sacerdotes são chamados "regulares" quando estão vinculados à regra de uma ordem religiosa; "seculares" ou diocesanos, quando dependem diretamente do bispo e operam no âmbito da diocese de sua jurisdição. Na liturgia protestante, aquele que preside a assembléia chama-se "pastor", é ministro do culto e não tem ordem sacra.
O "bispo", do grego "epíscopos", do verbo "epi-scopein", ou seja, "vigiar", sucessor dos apóstolos, recebe com a consagração episcopal a missão de santificar, ensinar e governar o povo de Deus a ele confiado e circunscrito no âmbito de um território definido, a "diocese", do grego "dioíkesis", "administrador da casa". Somente o papa tem o poder de erigir, modificar ou suprimir uma diocese. Atualmente, estão em vigor três modos de nomear os bispos: - eleição, nomeação, ou designação da autoridade civil; - legítima eleição, segundo o direito universal, confirmada pelo romano pontífice, que confere a missão canônica; - livre nomeação por parte do romano pontífice; é o modo principal em uso na Igreja latina. O bispo deve ter pelo menos 35 anos de idade e 5 de sacerdócio ativo.
Os bispos, depois, distinguem-se em: - diocesanos sufragâneos, quando dependem de um metropolita e fazem parte de uma província eclesiástica; - diocesanos isentos, quando dependem diretamente da Santa Sé; - titulares coadjutores, quando servem de ajuda ao bispo diocesano, com direito de sucessão; - titulares auxiliares, de ajuda ao bispo diocesano, com ou sem faculdades especiais; - eméritos, se perderam o ofício por limite de idade ou por renúncia aceita.


PENITÊNCIA


A penitência é o sacramento da reconciliação do pecador com Deus, por meio da confissão de seus pecados, obtida pela absolvição sacramental expressa pela fórmula trinitária: "Eu te absolvo de teus pecados em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo". Não há ação litúrgica do mistério da salvação que não requeira antes a reconciliação com o Senhor.
A celebração eucarística, que é o sacramento por excelência, é precedida do "Confiteor" da assembléia, a que se segue a absolvição geral e a tríplice invocação do "Kyrie".
Com a reforma proposta pelo Vaticano II, também o sacramento da Penitência foi renovado, mas falta ainda uma autêntica catequese dos cristãos para recuperar seu valor salvífico. As ciências sociológicas modernas e uma prática confessional nem sempre correta e esclarecida afastaram muito os fiéis da experiência de reconciliação; muitos crentes sentem-se autorizados a um arrependimento e absolvição pessoais, sem confirmação por parte dos ministros da Igreja.
As motivações são muitas e enchem os textos de liturgistas e teólogos. Todavia, o sacramento, para ser válido, exige três atos do penitente: - o arrependimento, ou contrição, que consiste na dor de não ter acreditado no amor do Senhor; - a confissão auricular dos pecados graves ao sacerdote; recomenda-se também a confissão dos pecados veniais para consolidar a consciência reta na luta contra satanás; - a absolvição pelo sacerdote, se julgar o penitente realmente arrependido, ou seja, bem disposto a não ter recaídas.
Segue-se o cumprimento de alguns atos de satisfação, ou penitência, pedidos pelo sacerdote, para reparar o mal cometido e restabelecer a dignidade cristã de discípulo do Senhor. O ministro do sacramento é somente o sacerdote para isso designado pelo bispo. A cor litúrgica é o roxo da estola que o celebrante enverga no ato da confissão. Uma vez que esse sacramento obriga o sacerdote ao silêncio, normalmente a confissão acontece no confessionário; essa prática está caindo em desuso, pois os fiéis preferem a aproximação direta e pessoal. Além das diversas parábolas do perdão e da misericórdia, este sacramento tem seu fundamento neotestamentário nas palavras de Jesus: "Recebei o Espírito Santo. A quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados. A quem os retiverdes, ser-lhes-ão retidos" (Jo 20,22-23).


UNÇÃO DOS ENFERMOS


A Unção dos Enfermos é um dos 7 sacramentos.
Na perspectiva do Vaticano II, também o rito para os doentes foi renovado; não se fala mais de Extrema Unção, como se fosse um subterfúgio mágico que se apoiasse na inconsciência agônica do moribundo. É um autêntico sacramento de ajuda e de apoio ao doente para que suporte o limite que a doença grave lhe traz, além de ser um fortificante do corpo para que lute contra a própria doença com a vontade confiante de sarar, pois a vida é um dom de Deus que sempre se deve sustentar e desejar. Esta nova ótica esbarra, naturalmente, no cientismo moderno, que tende a ver na morte a libertação de um mal definido como irreversível.

O sacramento da Unção supõe, portanto, a plena consciência do sujeito que o recebe, porque se põe no plano do evento salvífico: "Por esta santa unção e sua piíssima misericórdia te ajude o Senhor com a graça do Espírito Santo. Amém. E, libertando-te dos pecados, te salve e, em sua bondade, te reerga. Amém".
Este sacramento tem a finalidade de conferir uma graça especial ao cristão que experimenta as dificuldades e os sofrimentos da doença ou da velhice; pode ser administrado até mais de uma vez, segundo o agravamento do estado da doença. O ministro do sacramento é apenas o sacerdote, que usa o óleo bento pelo bispo ou pelo próprio sacerdote celebrante. No rito romano, a unção é feita sobre as mãos e sobre a fronte do doente; no rito oriental, também sobre outras partes do corpo e é acompanhada por oração específica; tem esta como efeitos: - a união do doente à Paixão de Cristo para o próprio bem e de toda a Igreja; - o conforto, a paz, a coragem para suportar cristãmente o mal; - o perdão dos pecados, se já não tiver sido obtido com o sacramento da penitência; - a recuperação da saúde, se isso ajudar a salvação espiritual; - a preparação do trânsito para a vida eterna. A Igreja pede que a administração da Unção dos enfermos seja um ato comunitário com a presença dos familiares e parentes; para o rito não se exigem alfaias especiais: basta uma vela acesa e uma mesa adequadamente preparada se a essa administração se associar, por vontade do doente, a da eucaristia.